Fundos com precificação mark-to-market: vantagens e exigências

By Alexei Kuznetsov 5 Min Read
Rodrigo Balassiano explica as vantagens e exigências dos fundos estruturados com precificação mark-to-market.

A precificação mark-to-market se tornou uma das práticas mais relevantes no universo dos fundos estruturados, garantindo maior transparência na avaliação dos ativos. Em vez de utilizar valores históricos ou projeções rígidas, o método busca refletir o valor de mercado atual dos instrumentos financeiros. Para Rodrigo Balassiano, especialista em fundos estruturados, essa abordagem não apenas aumenta a credibilidade perante investidores, mas também cria um ambiente de governança mais sólido, em linha com as exigências regulatórias e as melhores práticas internacionais.

A importância da precificação mark-to-market

A principal vantagem do mark-to-market é permitir que os fundos apresentem preços ajustados à realidade de mercado, reduzindo discrepâncias entre o valor patrimonial e o valor efetivo dos ativos. Essa transparência beneficia os investidores, que conseguem avaliar o desempenho de forma mais precisa, e também fortalece a reputação dos gestores e administradores.

A transparência e os desafios dos fundos com precificação mark-to-market analisados por Rodrigo Balassiano.
A transparência e os desafios dos fundos com precificação mark-to-market analisados por Rodrigo Balassiano.

Segundo Rodrigo Balassiano, em fundos estruturados, onde os ativos muitas vezes são recebíveis de difícil mensuração, a precificação mark-to-market evita distorções relevantes. Um exemplo comum é o caso de FIDCs lastreados em créditos pulverizados: a avaliação com base apenas em fluxo de caixa projetado pode ignorar fatores como inadimplência crescente ou alterações no cenário econômico. O ajuste ao valor de mercado, por outro lado, capta rapidamente essas mudanças, preservando a saúde do fundo.

Vantagens para investidores e gestores

A adoção do mark-to-market traz benefícios diretos aos investidores, já que aumenta a comparabilidade entre diferentes fundos. A precificação uniforme facilita a análise de risco e retorno, permitindo que o investidor tome decisões mais embasadas. Além disso, a prática contribui para evitar conflitos, uma vez que a distribuição de rendimentos e a avaliação de cotas refletem de forma justa o valor real da carteira.

Para os gestores, a metodologia oferece maior controle sobre a exposição ao risco. Ao identificar de forma rápida variações no preço dos ativos, torna-se possível reavaliar estratégias, ajustar alocações e antecipar movimentos de proteção. Isso cria um ciclo de gestão mais dinâmico, em que decisões são tomadas com base em informações mais atualizadas e aderentes ao cenário econômico.

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Exigências regulatórias e operacionais

A implementação do mark-to-market, entretanto, exige processos robustos de governança. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), por meio da ICVM 175 e de outras regulamentações, estabelece a necessidade de metodologias consistentes, auditáveis e divulgadas de forma transparente. Rodrigo Balassiano destaca que os fundos precisam apresentar relatórios periódicos explicando os critérios de precificação adotados, bem como as fontes de dados utilizadas.

No campo operacional, os administradores devem investir em sistemas capazes de coletar informações de mercado em tempo real ou, no mínimo, com periodicidade suficiente para refletir variações relevantes. Esse requisito pode representar um custo adicional, especialmente para fundos menores, mas é essencial para garantir a aderência às normas e a confiança dos investidores.

Desafios e cautelas

Apesar das vantagens, o mark-to-market também apresenta desafios. Em determinados ativos, como recebíveis de empresas de menor porte ou contratos específicos, pode haver escassez de informações de mercado para suportar uma avaliação justa. Nesses casos, é comum recorrer a modelos de precificação baseados em premissas, o que pode gerar questionamentos sobre a acuracidade dos valores.

Outro ponto crítico é a volatilidade. Ao refletir rapidamente as oscilações de mercado, os fundos podem apresentar variações significativas em seu valor patrimonial em curtos períodos. Isso pode gerar desconforto em investidores menos experientes, que interpretam a flutuação como sinal de instabilidade, quando na verdade se trata de um reflexo mais realista das condições de mercado.

Considerações finais

A adoção da precificação mark-to-market em fundos estruturados representa um avanço no mercado brasileiro, alinhando o setor a padrões internacionais de transparência e eficiência. Para investidores, significa maior clareza na avaliação de riscos e retornos; para gestores e administradores, representa um desafio operacional que exige disciplina, tecnologia e rigor metodológico.

Rodrigo Balassiano conclui que, ao adotar o mark-to-market de forma consistente, os fundos estruturados ampliam sua credibilidade, fortalecem sua governança e criam um ambiente mais justo e confiável para todos os agentes envolvidos. Em um mercado cada vez mais competitivo e regulado, a prática não deve ser vista apenas como exigência normativa, mas como um diferencial estratégico para atrair e manter investidores.

Autor: Alexei Kuznetsov

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