Transporte coletivo em Curitiba enfrenta crise: queda expressiva no número de passageiros e desafios financeiros

By Alexei Kuznetsov 6 Min Read

O transporte coletivo em Curitiba atravessa um momento delicado, conforme revelam os dados recentes divulgados pela URBS, que mostram uma queda significativa no número de passageiros que utilizam o sistema. Segundo os demonstrativos oficiais, a Rede Integrada de Transporte (RIT) perdeu 63% do público desde 2010, evidenciando uma tendência de encolhimento que tem impactos diretos na operação e financiamento do serviço. Em 2010, o sistema transportava em média 26 milhões de passageiros por mês; atualmente, esse número caiu para 9 milhões, refletindo uma crise estrutural no transporte coletivo da capital paranaense.

O declínio no transporte coletivo em Curitiba não se limita a uma queda momentânea: os meses de janeiro e fevereiro de 2025 registraram uma perda de cerca de 528 mil passageiros, mantendo a tendência negativa. Essa diminuição continua gerando preocupações sobre a sustentabilidade do sistema e a qualidade do serviço prestado. Apesar das medidas adotadas pela prefeitura, como descontos aos domingos que elevaram em 14% a circulação de passageiros nesses dias, a retração geral persiste e compromete o equilíbrio financeiro do transporte coletivo em Curitiba.

O transporte coletivo em Curitiba também enfrenta dificuldades financeiras que se agravam à medida que o número de usuários diminui. Em 2025, o déficit acumulado pelo sistema já chega a R$ 130 milhões, evidenciando que a arrecadação não é suficiente para cobrir os custos operacionais. A estrutura de tarifas é calculada com base no custo por quilômetro rodado, que permanece inalterado desde o ano anterior, o que contribui para o aumento do rombo financeiro à medida que menos passageiros utilizam o serviço. Esse cenário reflete os desafios de manter a qualidade do transporte coletivo em Curitiba em meio a esse quadro de redução constante de usuários.

Para tentar reverter parte dessa crise, a prefeitura de Curitiba tem investido na renovação da frota, com a aprovação recente de dois empréstimos que totalizam R$ 1 bilhão destinados à compra de ônibus elétricos para a Rede Integrada de Transporte. No entanto, especialistas e pareceres técnicos alertam que a simples introdução dos veículos elétricos não deverá modificar significativamente os custos ou aumentar a velocidade do transporte coletivo em Curitiba, dois fatores essenciais para atrair e manter passageiros. Portanto, a expectativa de que a modernização da frota traga uma melhora imediata no quadro financeiro e na qualidade do serviço é bastante cautelosa.

Além do investimento em ônibus elétricos, o transporte coletivo em Curitiba enfrenta o desafio de encontrar fontes alternativas de receita para subsidiar o sistema, uma vez que o déficit crescente compromete sua viabilidade econômica. O parecer técnico sobre os empréstimos aponta para a necessidade urgente de a prefeitura diversificar as formas de financiamento e buscar soluções que possam garantir a sustentabilidade do transporte coletivo em Curitiba a longo prazo. A falta dessas medidas pode levar a uma deterioração ainda maior do serviço e a um impacto financeiro negativo para os cofres públicos e futuros governos municipais.

O cenário do transporte coletivo em Curitiba também tem repercussão política, já que a aprovação dos empréstimos pela Câmara Municipal ocorreu de forma rápida e sem debates aprofundados. Apesar do impacto financeiro significativo que esses empréstimos representam para as finanças públicas, a decisão foi tomada com urgência, o que levanta questões sobre o planejamento e a transparência das ações relacionadas ao transporte coletivo em Curitiba. Essa situação aponta para a complexidade de conciliar a necessidade de modernização com o controle fiscal e a responsabilidade política na gestão pública da cidade.

É importante destacar que o transporte coletivo em Curitiba enfrenta um dilema estrutural: a diminuição contínua do número de passageiros prejudica a arrecadação e aumenta o déficit, enquanto os custos operacionais permanecem estáveis ou em alta. Esse ciclo negativo compromete a capacidade do sistema de se renovar e atender com qualidade a demanda da população. Sem medidas integradas que envolvam melhoria da infraestrutura, políticas tarifárias adequadas e incentivo ao uso do transporte público, o futuro do transporte coletivo em Curitiba pode se tornar cada vez mais incerto.

Por fim, o transporte coletivo em Curitiba está em um momento crítico que exige a atenção de gestores, usuários e especialistas. A queda significativa no número de passageiros e os desafios financeiros associados mostram que o sistema precisa de uma reestruturação ampla e urgente para garantir sua sustentabilidade. É fundamental que as próximas decisões políticas e administrativas considerem estratégias eficazes para recuperar a confiança dos usuários e assegurar um transporte coletivo eficiente, acessível e sustentável na capital paranaense.

Autor: Alexei Kuznetsov

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